sexta-feira, 10 de março de 2023

IN MEMORIAM

    Este blogue combate por uma doutrina política, o que é bem visível e dispensa portanto qualquer apresentação. Pergunta-se, então, que vem aqui fazer o recordatório de quem já Deus chamou ao Reino da Glória.

    Esta natural curiosidade tem uma resposta bem simples. Quando a vida traçou uma estreita amizade em que deve mais quem estas linhas escreve do que aquele que é sufragado, seria omissão muito feia, por parte de quem tanto recebeu, não deixar memória dessa mesma generosidade.

    A gratidão também é mandamento da Tradição! Daí que nada impede que figure aqui o tributo àquele que o merece.


(O meu sufrágio por Jaime Pereira Forjaz de Sampaio)

Entre outras mais, conto a felicidade de não me faltarem amigos de muito subida eleição. Talvez pela rara qualidade deles, não tem que espantar que se apresse Deus a chamá-los para o Seu aprisco, aquele lugar da eterna Glória. Os que esperamos ainda, debatemo-nos com um espaço vazio difícil de preencher.

Quando um luto pesado de novo me carrega a alma, só me acode ao espírito buscar algum consolo recorrendo a uma peça literária:

Numa das mais belas páginas, que alguma vez se escreveram em língua portuguesa Afonso de Albuquerque, de Miguel Torga – o autor remata o poema, pondo na boca do Terríbil estas palavras:

                            Por isso melhor é que chegue a hora

                            E outra vida comece neste fim...

                            Do que fiz e não fiz não cuido agora:

                            A Índia inteira falará por mim.

Para o que pretendo gravar no momento que passa, bastam os dois últimos versos que acho ser de justiça adaptar ao caso do meu velho amigo:            

                            Do que fez e não fez não cuido agora:

                            A sua bondade falará por ele!


Joaquim Maria Cymbron