domingo, 24 de fevereiro de 2008

DOMINE, MISERERE MEI!



Eu não sei, Senhor do Universo,
quantos são os de Tua casa
e quem, por desgraça tremenda
não entrará nessa mansão.

Eu apenas sei, meu Senhor e meu Deus,
que nunca poderá, o que é fugaz,
medir os Teus sábios decretos;
nem há-de a nossa pobre condição,
cega de feia e infernal soberba,
debater a Tua vontade soberana.

Nisto, como em tudo o mais,
agora, depois e eternamente,
bastar-nos-á a glória infinita
do Teu nome santo e imaculado,
que um dia se ouviu sobre o Horeb,
quando falaste a Moisés, Teu eleito.


Que nos deves, Senhor, ou que há
que não seja criatura Tua?
Quanto somos de Ti o recebemos,
por onde claramente se vê
que temos de cantar os Teus louvores,
num hino da mais pura melodia.

O drama do calvário, Senhor,
com eloquência tinta de sangue,
àqueles que fomos postos em desterro
pela culpa, de que nos redimiste,
mostra como a Tua
misericórdia
vai mais além dos braços que, na cruz,
abriste a todos nós, pecadores,
sem que a Tua justiça fique atrás.

Diante do amor, que nos continuas a dar,
confesso, Senhor, que só me aflige
andar esperando a minha felicidade,
em lugar de querer-Te por Ti mesmo!



Quaresma, 2008

Joaquim Maria Cymbron

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

O REI FIDELÍSSIMO





S.M.F. o Sr. D. Miguel I foi um confessor da fé e um mártir da tradição!

Um dos grandes males do nosso tempo é a indefinição. Sinto, mais uma vez, a obrigação indeclinável de ser claro. Proclamando o que tenho por verdadeiro, fico em paz comigo. Os que me lerem, hão-de dar às minhas palavras o valor que entenderem. Entretanto, para mim sobejará sempre algo que não me podem tirar: a quietude resultante da consciência do dever cumprido.

Assim, direi:

Uma tragédia tem de ser lamentada, mas não pode nunca servir para alimentar um mito. Isso será emotividade e ingenuidade, quando não for uma grande dose de hipocrisia. Não continuem, pois, a cansar-nos com prantos e queixumes de velhas carpideiras, à volta de um sucesso certamente infausto, vivido entre nós há pouco mais de um século.

A monarquia em Portugal finou-se no ano de 1834; deixaram-na em câmara ardente por algum tempo ainda; chegado 1910, armaram-lhe o enterro. O mais é salvatério!


Joaquim Maria Cymbron