No passado dia 16 deste mês, o jornal Público trazia um artigo intitulado O escândalo da Cruz, assinado por Gonçalo Portocarrero de Almada.
Chamou-me a atenção a seguinte passagem: «Não é por acaso que os inimigos da liberdade o são também da presença pública de símbolos religiosos. Por isso, Estaline arrasou inúmeras igrejas e Salazar não permitiu que a sinagoga de Lisboa fosse visível da via pública.»
Haverá quem delire com a assimilação de Oliveira Salazar a Estaline. Este recurso estafado continua a ser moeda corrente no mercado da opinião pública, sempre tão sensível à demagogia. É uma medida de retórica, cujo baixo custo, na crise em que nos mergulhou o sistema inimigo dos ditadores, até poderia ser economicamente conveniente. O pior é que nem todos os valores são quantificáveis em dinheiro, pelo que o discurso adoptado pode sair caro aos que lhe derem ouvidos.
Mas o principal está salvaguardado: a fogosa profissão de fé política contra os inimigos da Liberdade!
Entretanto, lembro modestamente que a Sinagoga de Lisboa celebrou, em 2004, o seu centenário e que, à data da sua construção, escondida da rua, porque «Salazar não permitiu que (...) fosse visível da via pública», o parceiro de Estaline era seminarista adolescente em Viseu, só tendo chegado ao Governo com os militares triunfantes em 28 de Maio de 1926, e a Presidente do Conselho no ano de 1932.
O artigo, no seu todo, é de qualidade bastante duvidosa. Porém, o que tem de objectivamente mais evidente no seu teor negativo, ficou registado. E o que particularmente choca é o facto de ser um sacerdote católico quem o produziu. Não ignorará, por certo, que é a Verdade que liberta! (1)
Joaquim Maria Cymbron
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- Jo 8, 32
JMC
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